domingo, 8 de abril de 2012

Donnie Darko na páscoa?


Donnie:Por que você usa essa fantasia estúpida de coelho?

Frank:Por que você usa essa fantasia estúpida de homem?


domingo, 4 de março de 2012

a grande panela do mundo!

Mãe é mar
Mares não maré, água e terra
Mãe é mar
Mares não maré, água e terra
Mar, amar
Pra saber da árvore com galhos 


Pra quebrarEm secas folhas ao chão,
Secos e duros gravetos
Em lenha pro fogo, que cozinha esses anos todos, 


a grande panela do mundo!



sábado, 21 de janeiro de 2012

Que a vida é um sonho e que o sonho é a vida


Deitado na sua colcha vermelha, com os pés acima da cabeça, ele devorou todos os livros.
Os dois favoritos que se destacavam eram Alice no País das maravilhas e Alice no País do Espelho, de Lewis Carroll.
Ele amava a pura anarquia por trás de sua afetada fachada vitoriana, os trocadilhos e as trocas de letras, a lógica lunática, sempre enunciada em sintaxe impecável e escansão perfeita; as canções cujos refrões hipnoticamente simples (Will you, won’t you, Will you, won’t you, join the dance?/ “você vai, você não vai, você vai, você não vai, você vai entrar na dança?) Não precisavam ser acompanhados de música.

No fabuloso bestiário de Carroll, se ele tivesse sabido, havia várias encarnações suas- o hiperativo Chapeleiro Maluco, o sonolento Dormidongo; a Lagarta tragando satisfeita o seu narguilé, o Gato de Cheshire com seu riso zombombeteiro, a própria Alice, experimentando com pílulas e poções transformadoras da vida. A morsa, naquela praia de ostras e bebês para que se tornarem hors d’oeuvres. Mais influente de tudo foi o poema cômico-épico intitulado Jabberwocky/Pargarávio.

Para o menino com as pernas na parede nada menos do que uma lição sobre como o absurdo pode ser infinitamente mais descritivo do que o real.

O menino em questão era John Lennon.
Que nem imaginava, anos após, dar musicalidade aquelas loucuras todas de Carroll.



Alice no país do espelho termina com uma pequena poesia que diz:

Um barco navega, sonhando, contente,
Na tarde de julho - e o sol, complacente,
O mar ilumina em fulgor resplandente...

Crianças felizes, na praia abrigadas,
Num grupo de três, a escutar, encantadas,
Um simples relato de lendas douradas...

Desbotam memórias a cada arrebol
Dos ecos arcanos de antigo farol -
As geadas do inverno mataram o sol!...

O fantasma de Alice assombra-me ainda,
Debaixo dos céus se movendo  - tão linda!
Na terra invisível de sonhos infinda...

Somente crianças, ao ouvirem a história,
Com olhos ansiosos, atentas à glória,
Percebem o ouro no meio da escória...

E fazem seus ninhos na Terra Encantada,
Sonhando de dia e na noite estrelada
Com mortos verões transformados em nada...

E ao serem jogadas na estrada corrida
É a mensagem dourada afinal percebida:
Que a vida é um sonho e que o sonho é a vida!



A primeira parte dessa postagem faz alusão a biografia de John escrita por Philip Norman

sábado, 14 de janeiro de 2012

Á senhora que queria ser homem, como eu


Hoje peguei carona com o pai, e veja lá você como são as coisas... Às vezes conseguimos mudar mais aspectos sociais e nos mostrar melhor na rua, do que dentro de nossa própria casa. Comigo o caso é o seguinte. Tenho força pra fazer determinadas coisas e reivindicar outras, porém, essa força termina onde o portão da minha casa começa. É como aquelas cenas do homem aranha, sabe? Que na rua ele faz de um tudo e em casa ele fica na barra da saia da avó e insatisfeito  Mas deixe-me contar.


Hoje cedo, estava pegando uma carona com meu pai, e disse a ele que iria cortar meu cabelo. Foi dessa forma, que eu rapidamente fui cortada com um daqueles gritos estarrecedores dele.

E aqui fica um pensamento, talvez inútil, mas gritar e falar em voz alta, na maioria das vezes é sinônimo de quem não se garante. Os indígenas uma vez disseram que é preciso falar com calma e ouvir o som do que falamos, que as palavras têm vida e que homens brancos falam besteira demais, justamente por causa disso. Porque nem se dão conta do que estão a dizer. É... Vai ver meu pai também não deve ouvir os indígenas...

Voltando...

Ele gritou e disse: O QUE! tu já tem cabelo curto minha filha! Tu quer cortar mais por quê? isso ai é porque você esta querendo VIRAR HOMEM, só pode. Não tem explicação pra uma coisa ridícula dessas... Onde já se viu, mulher de cabelo curto não é mulher. Sim, você deve estar se perguntando.

HÃ?E M Q U E P O R R A D E P L A N E T A O P A I D E L A V I V E?.

Bem... Eu sei que é uma grande bobeira, mas fiquei sem resposta em meio aquela idiotice toda profetizada por ele. Desci do carro e fui pro salão. Chegando lá, o cabeleireirO me pergunta: oi querida, como vai ser?


-corta o mais curto que puder. Hoje criei coragem para cortar curto. Bem curtinho.



ps: não ia escrever nada sobre esse episódio hoje. Porém, na volta do cabeleireiro uma senhora de uns 70 anos, me parou na rua e me disse assim: teu cabelo está lindo menina. Quero fazer igual.

É...vai ver ela decidiu virar homem depois de idosa, né?



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O operário em construção

A beleza que está além das aparências. Tamanha contradição há ao perceber que é das muitas mãos calejadas e rudes e dos rostos sofridos que são feitas coisas belas e grandiosas. A mão sofrida do trabalhador é a mesma mão bela, mão de criador.
Problema é que sobre essa verdade, não se fala. Não se comenta.
Não fazem o trabalhador crer que pode fazer coisas que os patrões jamais conseguiriam compreender. Ver.
Perceber.
Percepção;
Porque o operário deve temer se constituir em uma nova dimensão.?
Já que só assim -e até que enfim-...surgirá a possibilidade de dizer não.
Partindo de uma antiga situação de completa alienação... para uma liberdade, através da negação.

-Não. Não patrão.

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.


De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construcão.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma subita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Nao sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua propria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele nao cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Excercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção
Que sempre dizia "sim"
Começou a dizer "não"
E aprendeu a notar coisas
A que nao dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uisque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
- "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.

Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edificio em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Nao vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martirios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construido
O operário em construção

 Um texto a partir de Vinícius de Moraes.









sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Besta é eu.

Porque não viver?
Não viver esse mundo
Porque não viver?
Se não há outro mundo


http://www.youtube.com/watch?v=sGA9KaP9eus

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Adelante!


O primeiro aviso: não abra esse blog esperançoso demais. Quando se espera alguma coisa, automaticamente já damos uma oportunidade para desgosto de não acharmos aqui o que procurávamos. Por isso... Não espere.

Pense nesse Blog como uma grande gaveta emperrada. 
Encontrava-se fechada e agora decidi abri-la, isso sem tempo previsto para voltar a fechar.

Produções que emergem dos blocos e se assentam nesse blog. 

...Dos blocos de gelo postos em um copo com álcool, dos blocos de carnaval popular, dos blocos de moradas, blocos econômicos, espaciais e blocos de anotação... Desses e outros blocos ao blog...
 A esse blog.
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